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domingo, 21 de novembro de 2010

Tensão a Música e Bebidas

Tive a oportunidade recentemente de ir a uma festa, uma confraternização onde todos se divertiam, bebiam, dançavam, falavam de suas rotinas, suas queixas. Um ambiente saudável sem dúvidas. Todos pareciam estar muito bem com a própria vida e com os demais, naquele momento os problemas pareciam não existir e a harmonia daquela micro representatividade era divinamente bem quista, todos se adoravam ,se queriam.

Por um momento passei a me perguntar: será mesmo? Nenhuma pessoa neste ambiente sente uma angústia sequer? Passei a me concentrar em um único diálogo por vez, nas roupas, penteados, gestos e olhares, no tratamento que alguns tinham com seu vizinho e com o garçom, no pessoal da recepção e no barman. Todos vestiam máscaras e era vitrine, representávamos àquele momento um papel e tínhamos a obrigação de sermos bem apresentados e de não fugirmos em nenhum momento do aceitável, do permitido e apreciável, pessoas que por um acaso fujam deste “padrão” ganham visibilidade de reprovação, são descartadas, postas ao canto, não são dignas de serem olhadas nem de terem voz, são os empoeirados.

Repentinamente tudo aquilo se transformou em uma grande tensão, todos à mesa, salão ou os que circulavam se torturavam para que sua pessoa desse certo. A tensão se dava em que tipo de bebida se consumia a forma de se dançar e falar. Em uma paquera ambos os lados teriam de se esforçar na tentativa de passar uma imagem de quanto seria bom ao outro tê-lo ao lado. Essa inquietude de nosso tempo foi naturalizada ao ponto de exercermos e reforça-las todos os dias sem que nos déssemos conta disto, aparentemente não nos fazem mal algum sermos assim, caçadores e predadores de nós e de tudo que nos rodeia, de sermos patologicamente desiquilibrados ao ponto de abrirmos mão do bem-estar.

O delírio se estende (está presente) em todas as relações sociais, a “vila comunitária” inteira é uma grande tensão. Uma casa luxuosa é tensa, pois recai sobre o desejo de tê-la, desta forma, por parte do proprietário e é ao mesmo tempo violenta para os que entram nela, os que não a têm, já nesses também é estimulado o desejo e a relação proprietário-visitante é verticalizada, ou seja, é dada de cima para baixo e em tal ordem. O carro do ano é tenso, é para os vizinhos; o salário recheado é muito tenso quando a ele é submetido certa quantidade de empregados e realiza compras rotineiramente; a Escola reserva sua “tensidade” quando os grupos têm de se afirmar: o dos professores, dos descolados, das lindas, dos inteligentes. Vivemos o auge da tensão científica que tenta explicar algo como a dança, onde sua essência não reside em sua explicação, mas no ato de dançar simplesmente.

O mundo da moda há anos investe pesadamente em seu caráter tenso por meio de gerar insatisfações com o estilo, tempo e corpo. Seus ciclos devem ser rigorosamente cumpridos a fim de garantir metas (de fim de ano, temporada, época, estação); e a indústria da justiça está a todo vapor, vence o que melhor jogar. Passamos a nos vender o tempo inteiro, por isso nos castigamos para nos tornamos um bom produto: um bom aluno, bom mestre, bom doutor, ter um corpo esbelto, ser melhor analista, o melhor companheiro, o melhor comentarista, o mais responsável e apto.


A tensão faz parte de nossas vidas e livrar esse mal às futuras gerações se tornou uma das tarefas da atualidade, para isso teremos que questionar muitas coisas: quem somos? O que estamos fazendo de nós e dos semelhantes? Para onde, afinal, estamos caminhando? São velhas perguntas que nunca devem parar de serem formuladas.

Rômulo Filgueira

9 comentários:

  1. BRAVO!!.. muito bom texto, meu caro romulo!

    esses dias eu ia passando e vi uma menina indo a escola de oculos new age (nao sei se é assim q se escreve), uma calça verde limão colada e uma gravata por cima da farda da escola.. me veio a cabeça um pensamento: "seguir uma modinha nada mais é do que vc dar um atestado de que não tem opinião/gosto próprio (a nao ser a de seguir a tal moda ehhee) e ainda por cima se orgulhar disso"

    lembrei-me de duas meninas admirando um diadema (não lembro, mas era algo de colocar no cabelo) na loja da minha mãe, a aprovação foi rápida, pois elas deixavam claro que achavam bonito o adereço, mas por fim uma delas ingagou: "mas será q esta na moda mulé?.." a outra sem saber a resposta para tal pergunta preferiu nao levar o diadema. ora! as pessoas nao confiam nem no própria opniao?

    e eu de lá com meus botões, pensei: "agora lascou mesmo!!!"

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  2. É ISSO JR...
    se pararmos e observarmos, veremos isso direto se
    passando o tempo todo...e n só nas roupas
    é moda o falar, assistir o jornal, até grupo de amigos. O mercado se apossou de muitas coisas e abrimos mão de uma identidade por uma mentira falaciana de globalização...ou "globocolonização" (Milton Santos)

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  3. Quem nunca chegou a uma festa onde as pessoas se cumprimentam com um raio X, abraços efusivos e tapinhas nas costas? Na verdade acho que toda ciência ta resignado pra se viver da melhor forma, seja qual for. Algumas pessoas é que reverte o livre arbítrio sucumbindo todo o desejo numa aparência de “falso moralista”, pois expressões que manifestem ares de espanto e reprovação fazem com que suas almas castiças se intimidem. Quanta hipocrisia. Uma maneira de ser, um estilo, pequenos gestos, palavras e hábitos elucida não apenas um pensamento sobre si como também a realidade vivenciada- ou imposta. Mas pode crer Romin, a preponderância da alma é mais altiva que qualquer sistema, uma hora outra a gente deixa de simular sensações e se revela da forma mais despida possível.

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  4. Sou chato ahahahahah:

    É a velha máxima da sociedade do espetáculo, muito bem argumentada, achei muito legal. Mas a ciência ai citada, é qual ciência? Todas? São todas iguais? Todas caminham para uma interpretação da dança a partir do simples ato de dançar?

    Eu já tive muito contra a ciência, mas vejo que, como bem sabemos, teve sua origem no seio da Mãe Filosofia (Deusa toda poderosa do nosso conhecimento e existência, kkkkk chore não Romin, coloquei p tirar onda mesmo)... enfim, a ciência herdou algumas coisinhas de sua mãe, não é? O senso crítico é uma delas. E segundo nosso amigo Hegel, em seu método, deveríamos ter a crítica de nossa idéia primeira para chegarmos a um meio de explicação final (inatingível). Hoje, pela filosofia moderna, não necessariamente deveríamos chegar a um fim, explicação lógica, deveríamos simplesmente chegar até, somente, a formulação da antítese (crítica a tese), ou seja, uma crítica a uma idéia primeira, essa idéia primeira pode ser a sociedade, pode ser a uma interpretação da sociedade, ou qualquer outra coisa; o importante é a crítica, ela aguça nosso senso de procurar respostas (incontráveis), ou seja lá o que a humanidade busque. Já fugi muito do tema, não é? Se é que entrei! É que achei teu texto legal como um todo (sem críticas negativas, só positivas, parabéns!) muito bom. Mas vamos ver ai bem o que a ciência nos trás, ela não é nem o lobo nem a chapeuzinho, ela é, como todo humano, os dois!

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  5. hauhuahauhaua....é o fresco é ciço??

    Primeiro, critiquei a ciência por tentar explicar a dança, por achar que a dança se explique simplesmente. Depois, critiquei uma visão de ciência, um único ramo de desenvolvimento científico, aquele dito “reducionista”. Não tenho como negar a ciência meu caro historiador, até mesmo porque isso seria impossível, não conseguimos pensar fora dela, pois nossa sociedade é genuinamente científica, somos todos cientistas, mata-se e morre-se por ela.

    Para não ficarmos apenas com os filósofos como você mesmo reclamou vamos dar a palavra a um doutor em física, Fritjof Capra:

    “35% da humanidade carece de água potável, enquanto metade de seus cientistas e engenheiros dedica-se à tecnologia da fabricação de armas.” (o ponto de mutação, 1982, pg. 20).

    “Quando o presidente Lyndon Johnson necessitou de conselhos a cerca da guerra do Vietnam, seu governo recorreu a físicos teóricos, não porque fossem especialistas em métodos de guerra eletrônica, mas por serem considerados os sumos sacerdotes da ciência, os guardiões do conhecimento supremo.” (o ponto de mutação, 1982, pg. 37).

    “Combinada com o modelo mecanicista do universo, que também se originou no século XVII, e com excessiva ênfase dada ao pensamento linear [com uma enorme contribuição do filósofo Descartes], essa atitude produziu uma tecnologia que é malsã e inumana; uma tecnologia em que o habitat natural, orgânico, de seres humanos é substituído por um meio ambiente simplificado, sintético e pré-fabricado.” (o ponto de mutação, 1982, pg. 41 citando Dubos, 1968).

    “Três séculos depois de Descartes, a medicina ainda se baseia, como escreveu George Engel, ‘nas noções do corpo como uma máquina, da doença como consequência de uma avaria na máquina, e da tarefa do médico como conserto dessa máquina’. [...] Ao concentrar-se em partes cada vez menores do corpo, a medicina moderna perde frequentemente de vista o paciente como ser humano, e, ao reduzir a saúde a um funcionamento mecânico, não pode mais ocupar-se com o fenômeno da cura.” (o ponto de mutação, 1982, pg. 116).

    Você não é chato rapaz... só teve uma dúvida e eu tirei...hauhauhauahuahauhau

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  6. eita.. a brica começou!
    só filosoficamente
    quero ver os cabra macho
    se baterem frente a frente
    e se for, começa agora:
    cuspa aqui o mais valente..


    brincadeira, gosto de ver esses doi na peleja, vou esperar um pouco, daqui a pouco eu aparto. eheheheheh..

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  7. agora chamou pra briga
    cição véi cuspiu primeiro
    quero ver essa peixeira
    riscando o chão do terreiro
    esqueçam que são 'cumpadre'
    pois vai ser mulher do padre
    quem ficar por derradeiro..

    eu não gosto fuleiro
    seja homem ou nao seja
    não quero um cabra frouxo
    entrando nessa peleja
    e nem moço descansado
    feito jumento parado
    numa sombra de igreja

    cição vei ignorante feito os pés da burra..

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  8. peguei pesado jr... depois coloco uma mais na limpeza! ahahhahahahahah :p eu estou muito brabo das ideias ultimamente! estou parecendo meus professores ignotantes.... :p

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  9. hauhauhauhauah
    gostei muito dos versos jr...

    brabo? ciço? q nada doidãoooo...
    ele disse q ia botar um post aki q ia arrebentar com tudo..
    kd?? afroxooo..hauhauahua
    é onda ciço...seu cometário foi muito bem colocado...
    mas coloca ai oq tu ia botar...
    ou então...JÁ Q VC SAIU COMPLETAMENTE DO TEMA...
    post um texto teu...explorando esse assunto em especial
    ai todos nos discuteremos ele...
    cê q sabe...encha o blog com sua graça ;)

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