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Filosofia, Religião, Ciência, Entretenimento... nossos autores estão particularmente envolvidos nessas diferentes áreas: Rômulo (Filosofia), Ciço (História), Júnior (Poesia Popular e Matemática), Igor (Engenharia). Aqui procuramos sempre a interdisciplinaridade, até porque os posts dos nossos membros nem sempre falam de suas áreas. Portanto, sinta-se a vontade para puxar um tamburete e começar a conversa no alpendre! Abraços...

sábado, 19 de março de 2011

A Tabira, cidade maravilhosa


A Tabira, cidade maravilhosa
Poço de poeta, poço de escritura
Poço de pecado e também de candura
Comparo a um jardim de rosa cheirosa
Sempre que se agua é sempre charmosa
Se queres mata-la, basta não cuidar
Pois tanta cultura tem que cultivar
Quem hoje cultiva não ta arrependido
E sabe que deu o valor merecido
Nos dez de galope na beira do mar


A Tabira, cidade maravilhosa
Tem muito valor sua tradição
Aprende-se muito na 'visitação'
Ao ver a beleza da terra honrosa
Poetas, cantadores, mesa de glosa
Até impossivel não se apaixonar
Quem sai logo volta, quem vem quer ficar
Sou um testemunho dessa sua magia
Mais um que prefere trocar maresia
Por essa cidade tão longe do mar

Igor Filgueira

terça-feira, 1 de março de 2011

¿Y ahora qué?


Em tempos de ditadura, na América Latina, uma personagem de forte impacto se apresentou com um bravejante discurso de liberdade, o famoso Guevara. Se montava grupos armados para ir de encontro ao então imperialismo americano (intende-se por EUA) que praticamente invadiam os países com sua doutrina da porrada. Esses por sua vez temiam os soviéticos numa guerra chamada de Fria, mas os ânimos eram bem quentes. As aventuras eram sangrentas e ao contrário do que muitos pensam o caráter revolucionário daquele Guevara deu resultado, junto com os então “heróis apagados” (do qual essa tradição histórica faz questão de não citar) que foram ficando pelo caminho; um forte indício de certo sucesso foi a “revolução” cubana que derrubou o fanfarão Fulgencio Batista, aquela época o argentino Guevara e o cubano Fidel apertaram muitas vezes o gatilho e um rio de sangue desceu, luta esta que acredito ser completamente legítima e necessária –repito, àquela época- porém não quero me prender a isto, de todo este cenário apresentado o que desejo chamar a atenção no momento é que o inimigo até então tinha corpo físico, era bem conhecido, tinha partido, cor, nome e lado.

O que vemos hoje é um Guevara amigo, estampado nas camisas, muitas músicas não o deixam morrer e frases dele como “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética” correm bocas e ouvidos. Bem, parece que esse sujeito se aplica melhor ao nosso tempo (mais aceito) do que no dele (existia toda uma política contra práticas socialistas ou comunistas), seus opositores de antes, hoje o cultuam; mas por quê? Qual motivo o leva a ser tão querido, e amado, apesar de muitos não conhecerem bem sua trajetória? O segredo parece esta no fato de que sua imagem foi “comprada”, o mercado se apoderou desta imagem falaciosa para vender, ou seja, se produz renda a partir de quem combateu ferozmente a ética do capital e moral burguesa; Che Guevara se tornou um produto de intenso consumo, onde jovens compram sua imagem para consumir uma ideologia revolucionária falsificada.

Isso é possível porque uns dos principais problemas de nosso tempo (“inimigo”) não residem na esfera do físico, trata-se de uma idéia, uma ideologia muito bem fabricada e que reproduzimos tão satisfatoriamente, que beira a normalidade, nem se quer pensamos se nossas ações correspondem a algo que construímos, não checamos de onde vem nosso desejo. E esse sim, o DESEJO, é uma arma de grosso calibre do ideário burguês de acumulação inescrupulosa: Lalau era um homem bastante rico, roubou dinheiro, era movido pelo desejo de poder, e não pelo acúmulo de capital em si; e para aqueles que acreditam ser a pobreza um pré-requisito básico ao mundo do crime, sinto passar a informação de que sequestradores não realizam seus delitos andando de ônibus, possuem carros potentes; gostaria de lembrar também de que nas favelas não se tem muito espaço para um plantio de maconha e de coca, essas não brotam por lá, as favelas parecem ser apenas um estágio da distribuição, então quem será que planta? Quem tem terra para isso? E como chegam às favelas? O desejo de posse e poder percorre todas as classes, e somos movidos por isso a cada instante. Somos todos burgueses senhores e senhoras, não têm residência fixa e não podemos apontá-los sem nos culparmos, pois eles, os burgueses, somos nós.

Então diferentemente da época do nosso amigo Che nos deparamos com outra forma de domínio e realidade, desta vez sem partido, cor, nome ou lado. E esse “revolucionarismo guevariano” não é mais possível, para a tristeza daqueles que colecionaram todas as tampinhas e figurinhas.

Rômulo Filgueira.