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Filosofia, Religião, Ciência, Entretenimento... nossos autores estão particularmente envolvidos nessas diferentes áreas: Rômulo (Filosofia), Ciço (História), Júnior (Poesia Popular e Matemática), Igor (Engenharia). Aqui procuramos sempre a interdisciplinaridade, até porque os posts dos nossos membros nem sempre falam de suas áreas. Portanto, sinta-se a vontade para puxar um tamburete e começar a conversa no alpendre! Abraços...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Religião Enlatada

Há tempos existe entre os homens uma relação de domínio em que uns se submetem aos desejos e força de outros. Para tanto, a construção dessa imposição tem de ser “aceita” por todos os membros da comunidade, ou seja, tem de ser valor moral, tornar-se cultura. Dessa forma aconteceu com os que dominavam a esfera religiosa ocidental, que agora é uma instituição e as demais parcelas da sociedade ocuparam o único lugar que sobrou: o da passividade, naturalização, pecado e castigo.

A posição do sacerdote, em geral, é tida como divina, ele é o interlocutor de Deus, é quem interpreta as leis celestiais. Este discurso ideológico tornou-se comum, é aceito e inquestionável; assim, foi roubada do homem sua liberdade e a atribuíram a uma divindade. Aceitamos essa realidade porque a nós parece normal e imutável, pois a religião, Estado e família aparentam não ter partido dos homens.

Esta inversão de valores trouxe ao nosso tempo consequências avassaladoras: a ética religiosa voltou-se à moral burguesa e os fiéis são vistos como clientes responsáveis pelo recheio dos cofres de instituições. Nunca, como antes, foi proposto aos crentes voltarem os olhos apenas para si, se afastando e esquecendo o todo: os problemas sociais.

Se ao homem moderno resta apenas aceitação passiva, a perda da noção de conjunto e a indiferença ao próximo. Então Deus esta morto, pois se resumiu a uma idéia pronta, fechada e acabada. O ato ecumênico do diálogo entre culturas e religiões se aponta como uma boa saída ao melhoramento da vida em sociedade.
Rômulo N. Filgueira

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Bala-Ciência

A ciência surgiu com o intuito de resolver problemas da humanidade, para trazer bem-estar e conforto a todos a fim de garantir uma vida plena e saudável à população. Seu discurso parece ter atingido o ponto máximo da filosofia aristotélica em que a razão é o primor, a sabedoria e o caminho a ser trilhado para, enfim, o homem alcançar o apogeu de seu desenvolvimento técnico. Esse sofisma nos colocou em um labirinto muito difícil de escapar.

A sensatez (como razão pura) estabelece limites mesmo ao conhecimento. Negar ao homem sua sensibilidade e dons artísticos, por exemplo, irá limitá-lo e obrigá-lo a ver o mundo de uma forma fragmentada, e será esta, para ele, a verdade. O único lugar plausível a ancorar suas idéias, se tornará valor moral. E é justamente esta unilateralidade que possibilita ao homem a fabricação de armas de destruição em massa.

A ciência e seu conhecimento se desenvolveram ao longo de séculos, e aos problemas mais antigos que se propuseram a resolver não foi dada solução, como a fome e a miséria. Sua moral é burguesa, é para uns e não para todos, serve a alguns e não a todos, é utilizada para manter o maquinário industrial (e bélico) a todo vapor, sustenta a verticalização das relações, se produz para dominar e ferir.

Em 70% da minúscula historia do homem no planeta não passamos de simples coletores e caçadores. Nos 30% restantes, por meio da ciência e da lógica, populações inteiras foram dominadas, escravizadas e exterminadas. O próprio planeta foi atingido de uma maneira que parece irreversível. Uma nova postura ética se faz obrigatória nesses tempos, pois um cientista dotado do conhecimento de que seus estudos resultarão em armas é um criminoso.

Rômulo N. Filgueira.



Dom Hélder Câmara certa vez perguntou: “que avanço científico é este que deu origem à proliferação de armas nucleares, químicas e biológicas, capaz de provocar destruição em massa?”.



Sugiro todos assistirem ao filme “9: a salvação”.

domingo, 11 de julho de 2010

A morte do Saber Filosófico

O mundo contemporâneo vive uma crise no que se refere à educação. Jovens e crianças estão cada vez mais desinteressados nas escolas e nas formas de ensino. As escolas não preparam mais indivíduos pensantes, e sim autômatos e práticos.

Por volta do século XVII, surgiu uma linha de pensamento chamada de mecanicismo, criada por Descartes que, no qual, influenciou e influencia muito a sociedade ocidental. Este pensamento é baseado em uma visão mecânica, seccionada e prática da realidade. A Revolução Industrial absorveu muito bem a linha de pensamento mecanicista, já que a Revolução foi feita por burgueses que eram muito simpatizantes desse pensamento, pois esse pensamento nega outros pensamentos mais antigos criados pela a Igreja durante a Idade Média. A Revolução fez com que o mercado mudasse e o mesmo passou a impor que as escolas preparassem (treinassem) os indivíduos para a nova ética que surgia, a capitalista. Com o pragmatismo, as profissões foram ficando cada vez mais longe do humanismo. A partir deste momento, algumas profissões, como a de professor, perderam o prestigio na sociedade.

Os ideais da Revolução Industrial além de tornarem o Homem autômato também o tornam individualista, ou seja, ele perde a noção do todo. Esse fato prejudica a formação da cultura do indivíduo e do povo/nação que ele pertence, logo a identidade desse indivíduo também é tolhida por esse pensamento.

A ascensão do pragmatismo, ou seja, automação do Homem fez com que o saber filosófico (o saber crítico) ficasse perdido na História. Portanto, esses fatos nos levam a, no mínimo, uma revisão dos ideais que movem a sociedade e, logicamente, a educação.

Cícero Filgueira (2008)

sábado, 10 de julho de 2010

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(João Cabral de Melo Neto)




MAIS UMA INTERPRETAÇÃO:

Vemos nos versos de João C. de Melo Neto (o poeta engenheiro) a essência dos sonhos, das utopias. Com um só não se faz à manhã, ou melhor, com "um só não faz o amanhã", ou seja, o ideal que nos vem contra um regime individualista que priva os homens (personificado no poema com os galos) de se beneficiarem igualmente das oportunidades e dos bens (os raios do Sol).

Com a união entre os homens (canto dos galos) surge à teia. A teia que une de tão forma que se transforma em uma tenda que, por sua vez, acolherá a todos sem privar ninguém de ver os raios brilhantes do Sol.

Começando a parte, se vai chegar ao tudo, não importa.

Hoje estamos começando esse blog, que por sinal, é o primeiro que entro.
Vamos postar, não periodicamente (temos o que fazer kkk), tudo que poderia dar em uma conversa no alpendre... coisas banais, filosofia, poesia (sertaneja ou não), nada, desenho, musica, vídeo, resenha, resumo, fichamento... qualquer coisa que possa ajudar você a não ficar sem fazer nada no mundo da internet... ajudar vc no colégio e faculdade (com os posts de resenha, resumo, etc.).

Por fim, quem quiser entrar para a conversa no alpendre, será bem vindo. traga o tamborete e sente-se...